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Em 09 de janeiro de 1822, data que ficou conhecida como o “Dia do Fico”, o Príncipe Regente D. Pedro I recusou-se a retornar para Portugal. Insatisfeita, a Corte Portuguesa ordenou que um comandante de armas lusitano assumisse a Província da Bahia em 11 de fevereiro de 1822. Posto isso, acirraram-se as relações entre portugueses e baianos, que resolveram resistir e lutar pela Independência do Brasil. 

Embora, ignoradas pela historiografia, que outrora fora predominantemente masculina, três mulheres baianas assumiram o protagonismo como símbolos dessa resistência: a Sóror Joana Angélica de Jesus, a Cadete Maria Quitéria de Jesus & a marisqueira Maria Filipa de Oliveira.

Primeira heroína da epopeia da Independência do Brasil, a abadessa Joana Angélica era muito admirada e respeitada por sua virtude e religiosidade. Aos 60 anos de idade, ela tornou-se a primeira mártir por enfrentar destemidamente a ira de soldados portugueses. A madre foi covardemente assassinada ao defender as demais irmãs que fugiam pelos fundos do Convento da Lapa no dia 19 de fevereiro de 1822. O crime provocou clamor e mais indignação.

Primeira mulher combatente a fazer parte do Exército Brasileiro, a jovem Maria Quitéria resolveu se juntar às tropas de resistência em 1822. Para isso, contou com o apoio de sua irmã Tereza Maria, que lhe cortou os cabelos, e de seu cunhado José Cordeiro de Medeiros, que lhe emprestou seu uniforme. Quitéria fugiu de casa e alistou-se como homem, o soldado Medeiros. O pai, após saber do seu paradeiro, denunciou-a. No entanto, o comando não permitiu o seu desligamento. 

E assim, Maria Quitéria adotou seu nome verdadeiro e passou a usar saias e adereços femininos sobre o uniforme masculino. Outras mulheres, ao vê-la como exemplo, juntaram-se ao grupo comandado pela jovem. Após o dia 02 de julho de 1823, data em que marca a Independência do Brasil na Bahia, Quitéria recebeu o título de “Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul” pelas mãos do então Imperador D. Pedro I. 

Primeira mulher negra e escravizada liberta que lutou pela Independência do Brasil, a marisqueira Maria Filipa teve seu rico legado perpetuado pela tradição oral. Essa milenar prática, muito comum na cultura africana, consiste na transmissão de saberes por meio de narrativas. Ainda que não existam registros documentados, Maria Filipa lutou antes pela sua liberdade e, depois, lutou pela liberdade de seu país liderando grupos de resistências formado por povos negros e indígenas. Sem medir esforços, a brava combatente coordenou diversas ações, dentre as principais a utilização da planta urticante cansanção contra os soldados portugueses e a provocação de incêndios nas embarcações inimigas.

As três figuras baianas foram icônicas na luta pela liberdade do Brasil. Elas e outras mulheres anônimas se destacaram na cena do processo de Independência com diferentes estratégias, desempenhando papéis chaves no processo anticolonial em um período em que as mulheres eram excluídas da vida pública e política no país.  Ainda que tardiamente, as três guerreiras foram declaradas oficialmente Heroínas da Pátria pela Lei 13.697 de 2018.

Arnaldo José da Silva Xavier

Especialista em Leitura e Produção Textual/UFF 

& Técnico Operacional/Casa da Moeda do Brasil

Anverso

Portrait das três homenageadas ocupa o centro do anverso, que apresenta fundo granitado e acabamento em pátina. Em semicírculos, há, acima, a legenda AS MULHERES E A INDEPENDÊNCIA, e, abaixo, a legenda HEROÍNAS DA LIBERDADE.  Separam as legendas dois dragões trespassados por lanças, simbolizando a vitória popular. 

Reverso

Portrait das três heroínas ocupa o centro do reverso, que apresenta fundo em tampografia e acabamento em pátina. À frente, lê-se a legenda BRASIL 200 ANOS DE INDEPENDÊNCIA. Em semicírculos, há, acima, a legenda 200 ANOS DO FIM DA GUERRA DA INDEPENDÊNCIA NA BAHIA, e, abaixo, a era 2 DE JULHO DE 1823 • 2023. 


Prata
Título 925
Tamanho
Diâmetro 55mm
Bronze
Peso 55g +/- 1,65g
Tiragem 500
Concepção Artística
Criação Anverso e Reverso José Carlos Braga
Modelagem Anverso Fernanda Costa
Modelagem Reverso Monique Porto

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